sexta-feira, 25 de março de 2011

A Psicologia Newtoniana


     Descartes estabelece uma distinção entre corpo e alma. Platão foi quem primeiro ocupa-se do problema da consciência, no Fredo, ele faz uma metáfora onde coloca a biologia e a espiritualidade (mente-corpo) simbolizadas em dois cavalos representando as paixões do corpo e as emoções superiores. Os psicólogos pós- cartesianos adotam métodos para o estudo da psique humana, assim são criadas as duas principais escolas de psicologia; os Estruturalistas e o Behaviorismo. As duas escolas têm como modelo em suas bases a estrutura newtoniana. Freud cria a Psicanálise a partir da associação livre. Hoje se entende que a psicologia não deve ficar estreita e condicionada a estas concepções. Neste novo processo, escolas filosóficas orientais, como as indianas, inserem novos conceitos que não podem mais serem entendidas dentro da estrutura cartesiana, mas sim em experiências místicas que buscam a transformação da consciência.     Locke coloca a mente humana como sendo uma “tabua rasa”, onde as idéias eram gravadas através das percepções sensoriais, ponto de partida para uma teoria mecanicista. Hume, baseado na experiência e observação cria uma psicologia em que o “eu” fica reduzido em ”feixe de percepção”. David Hartley reduz toda atividade mental a processos neurofisiológicos, Wundt incorpora a idéia e passa a ser considerado o fundador do primeiro laboratório de psicologia.
     A psicologia moderna do século XIX intensifica seus estudos nos avanços científicos, entre funções mentais e estruturas cerebrais, estudadas por neurocientistas. Desta forma a orientação newtoniana firma-se na psicologia. Surge ainda nesta época o campo da reflexologia, a relação causal entre estímulo e a resposta. Pávlov descobre a relação sistemática entre a qualidade das experiências sensoriais e as características físicas de seus estímulos.  A orientação elementarista sustentava que todo o funcionamento mental podia ser analisado em elementos específicos, eles estudavam como podiam combinar idéias e processos associativos para formar a percepção. Os psicólogos eram dualistas e tentaram estabelecer uma distinção entre mente e matéria.
     Psicólogos que sustentavam a natureza unitária da consciência e percepção deram origem a duas escolas de abordagem holística: o gestaltismo e o funcionalismo.  A psicologia gestaltista fundada por Max Wertheimer e colaboradores defende que temos que olhar o todo para entendermos as partes, o objetivo é ajudar as pessoas a harmonizarem ambiente consigo mesmas. William James ao estruturar o funcionalismo, vai estudar os processos mentais, ele funda nos Estados Unidos o primeiro laboratório de psicologia que passa do ramo da filosofia para a ciência laboratorial. Ele dá ênfase à consciência como fenômeno pessoal, integral e contínuo. Para ele, “corrente de pensamento” deveria ser entendida como relação entre ações conscientes e os confrontos cotidianos dos seres humanos com desafios ambientais variáveis.
     No século XX cresce a psicologia em prestígio, se junta a outras áreas do saber, como estatística, medicina, biologia, cibernética e teorias da comunicação.  Duas escolas com o mesmo modelo newtoniano, porém com diferentes métodos e concepções da consciência o Behaviorismo e a Psicanálise dominam o pensamento psicológico.
     O Behaviorismo representa a abordagem mecanicista em psicologia, pois a estrutura é newtoniana. Os fenômenos mentais foram reduzidos a tipos de comportamento e este a processos fisiológicos. Aqui, inaugura-se um novo campo da psicologia animal experimental (condicionamento). Pávlov estudou nos animais, a resposta estímulo evitando os conceitos psicológicos, descrevendo o comportamento e seus sistemas reflexos. Watson identificou a psicologia com o estudo do comportamento, ele pretende elevar a psicologia a uma ciência natural objetiva. Para isso, concentrava-se em fenômenos que pudessem ser registrados e descritos objetivamente por observadores independentes. Estímulo-resposta é o que deve ser estudado, assim a psicologia torna-se primordialmente uma psicologia da aprendizagem, os fenômenos não são interpretados como experiências subjetivas e sim do mundo externo.  Skinner desenvolve um novo método de condicionamento, o “condicionamento operante” (também baseado na observação de animais), onde o comportamento é controlado por toda a história passada em vez de estímulos diretos. Para ele, a única maneira de superar nossas crises é através do controle científico do comportamento.   
     A Psicanálise por sua vez, não se originou da psicologia, mas sim da psiquiatria, modelo biomédico. Tendo necessidade de explicar enfoques psicológicos para a doença mental ,  surge à psicologia. Charcot usa a hipnose para tratamento da histeria, ele mostra que os pacientes podem se livrar dos sintomas de histeria através da sugestão hipnótica, o que coloca em dúvida a questão da visão de abordagem orgânica da psiquiatria.   Freud juntamente com Breuer usa a técnica hipnótica com seus pacientes neuróticos.  Em 1895 eles publicam “Estudo sobre a histeria” considerado o marco inicial da psicanálise e substituem o método da hipnose pelo método da associação livre, dando ênfase as experiências emocionais traumáticas. Por ser neurologista Freud acreditava poder entender todos os problemas mentais em termos de neuroquímica, ou seja, com uma explicação neurológica para a doença mental. A energia que se encontra reprimida procura uma descarga através de vários canais que são as raízes da neurose.  Freud descobre o inconsciente e sua dinâmica ou psicologia profunda como ficou conhecida.  Ele enfatiza a importância das experiências da infância no desenvolvimento futuro do indivíduo. Ampliou o conceito de sexualidade humana, identificou a libido ou impulso sexual como forças psicológicas. Introduziu a noção de sexualidade infantil descrevendo as fases do desenvolvimento psicossexual. Com a interpretação dos sonhos, Freud encontra uma maneira de acessar o inconsciente. Freud formula uma nova teoria da personalidade baseada em estruturas distintas do aparelho psíquico; id, ego, superego. Descobre a transferência no processo terapêutico que é de importância central na psicanálise. As forças sempre se apresentam em pares; vida/morte, ativa/reativa, impulso/defesa.  A psicoterapia freudiana negligencia o corpo tal como a terapia médica negligencia a mente. A psicologia freudiana é basicamente uma psicologia do conflito, o aspecto dinâmico tem características newtonianas. Vários discípulos de Freud criaram suas próprias escolas; Jung, Adler, Reich e Rank. Adler desenvolve a psicologia individual. Reich quebra o tabu do contato físico e desenvolve a terapia baseada nas “couraças musculares”. Rank foca na questão geradora de ansiedade no nascimento “evento traumático do nascimento”. Jung entende que a abordagem racional da psicanálise impossibilita que aspectos mais sutis da psique humana como experiências místicas pudessem ser exploradas.
    
    



segunda-feira, 21 de março de 2011

Por que as pessoas entram na sua vida?


Pessoas entram na sua vida por uma "Razão", uma "Estação" ou uma "Vida Inteira". Quando você percebe qual deles é, você vai saber o que fazer por cada pessoa.

Quando alguém está em sua vida por uma "Razão"... é, geralmente, para suprir uma necessidade que você demonstrou. Elas vêm para auxiliá-lo numa dificuldade, te fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente. Elas poderão parecer como uma dádiva de Deus, e são! Elas estão lá pela razão que você precisa que eles estejam lá. Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim. Ás vezes, essas pessoas morrem. Ás vezes, eles simplesmente se vão. Ás vezes, eles agem e te forçam a tomar uma posição. O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho delas, feito. As suas orações foram atendidas. E agora é tempo de ir.

Quando pessoas entram em nossas vidas por uma "Estação", é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender. Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir. Elas poderão ensiná-lo algo que você nunca fez. Elas, geralmente, te dão uma quantidade enorme de prazer... Acredite! É real! Mas somente por uma "Estação".

Relacionamentos de uma "Vida Inteira" te ensinam lições para a vida inteira: coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida. Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa, e colocar o que você aprendeu em uso em todos os outros relacionamentos e áreas de sua vida. É dito que o amor é cego, mas a amizade é clarividente. Obrigado por ser parte da minha vida.

Pare aqui e simplesmente SORRIA.

"Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro,
Ame como se você nunca tivesse sido magoado, e dance como
se ninguém estivesse te observando."

"O maior risco da vida é não fazer NADA."
Martha Medeiros

quinta-feira, 17 de março de 2011

Cisne Negro

 "Cisne Negro", o Carnaval e as mães
CONTARDO CALIGARIS
 Folha de São Paulo - 10/03/11

""CISNE NEGRO" é a história, muito bem contada, do desabrochar de uma loucura. Mas amei o filme por outras razões. Aqui vão duas delas.
1) Revi "Cisne Negro" no domingo e, na volta do cinema, assisti ao Carnaval na TV.
Gosto da exuberância de alegorias e fantasias, e o que mais importa no Carnaval talvez seja a paixão das escolas ao preparar o desfile, mas resta que, na televisão, o espetáculo do carnaval e de seus bastidores consegue a façanha se ser, ao mesmo tempo, vulgar e careta. Como é possível?

É que, no espetáculo televisivo, a transgressão da folia consiste numa tremedeira de carnes (vagamente sugestiva de um exercício sexual), acompanhada de uma dose diurética de cerveja. Ou seja, o Carnaval na televisão é um programa infantil, pois é assim que as crianças imaginam a transgressão: vulgar como xixi-cocô e careta como suas suposições sobre o que acontece entre adultos na hora do sexo.
Só para confirmar: as crianças encaram com prazer o tédio de uma noite de desfiles em família, na frente da televisão. Elas acham reconfortante supor que o lado B dos adultos seja parecido com a visão infantil da transgressão: comilança, bebedeira, bunda e peitos. Só falta um pum final.

Na verdade, fora esse momento anual de regressão coletiva, espera-se que, para os adultos, a transgressão seja uma excursão em territórios mais tenebrosos e mais aventurosos. Espera-se que o lado B da gente não caiba no Carnaval televisivo e que sua descoberta peça mais do que alguns litros de cerveja.
1) Nada torna a vida interessante tanto quanto a descoberta de nossa própria complexidade; 2) Talvez a função mor da cultura seja a de nos dar acesso a partes de nosso âmago que normalmente escondemos de nós mesmos; 3) Conclusão: se conseguimos viver plenamente, é graças a autores, atores, intérpretes etc. que nos revelam nosso próprio lado B (e C e D).

Agora, será que o artista poderia levar espectadores ou leitores para territórios que ele não tiver primeiro desbravado nele mesmo?
Alguns pensam assim: só quem ousa se aventurar pelo seu próprio lado B consegue revelar aos outros o lado B que eles escondem de si mesmos. Nina, a estrela do "Lago dos Cisnes", não poderia arrebatar seu público sem se entregar corajosa e perigosamente a seu lado obscuro, sem se entregar ao cisne negro nela.

Outros pensam que, para encarnar o cisne negro, Nina não precisa sentir sua lascívia na pele. Bastaria ela atuar e dançar (como dizia Diderot) com a inteligência, e não com o coração. Mas como ela poderia dançar e atuar o cisne negro com a inteligência sem conhecer e entender o que ela precisa expressar?
Seja como for, quem acha que seu lado obscuro é feito de carnes trêmulas e cerveja deveria fazer um esforço sério para sair da infância. Nesse esforço, Nina e "Cisne Negro" seriam de bastante ajuda.

2) Homens e meninos, mesmo quando aspiram à perfeição, convivem razoavelmente bem com falhas e fracassos. É porque acreditam firmemente que, mesmo imperfeitos, eles nunca deixarão de ser tudo o que suas mães pediram a Deus.
Mulheres e meninas, ao contrário, sentem que, mesmo alcançando a perfeição, não serão o que suas mães pediram a Deus. A explicação clássica disso é que elas, pelo simples fato de serem mulheres, nunca preenchem a expectativa materna tanto quanto um filho varão. Paradoxo: as mulheres aspiram à perfeição mais do que os homens porque tentam merecer uma aprovação materna que é quase impossível.

Há uma outra explicação do sentimento feminino de não corresponder às expectativas maternas. Essa explicação, mais inquietante, diz que, para uma mãe, o triunfo de uma filha (profissional ou amoroso) sempre apresenta ao menos um defeito: o de não ser o triunfo dela mesma, da própria mãe.

A mãe de Nina espera que o sucesso da filha compense suas frustrações de bailarina que renunciou à carreira. Também acusa a filha de ser a causa dessa renúncia. Qual será o melhor bálsamo para a ferida: o sucesso ou o fracasso da filha?
Muito frequentemente, as mães rivalizam com as filhas. Essa rivalidade é especialmente óbvia e feroz quando, de um jeito ou de outro, oferecendo pelúcias ou preparando chazinhos, uma mãe tenta manter a filha parada numa eterna infância.

Poesia de Viviane Mosé

Vida/tempo

Quem tem olhos pra ver o tempo?
Soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele
Soprando sulcos?

O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina.
Sem raiva nem rancor
                            O tempo riscou meu rosto com calma.

Eu parei de lutar contra o tempo. Ando exercendo instante.
Acho que ganhei presença.

Acho que a vida anda passando a mão em mim. Acho que a vida anda passando.
Acho que a vida anda. Em mim a vida anda. Acho que há vida em mim. A vida em mim anda passando. Acho que a vida anda passando a mão em mim

                            Por falar em sexo quem anda me comendo
É o tempo.  Na verdade faz tempo, mas eu escondia

Porque ele me pegava à força, e por trás. 
Um dia resolvi encará-lo de frente e disse:  Tempo, se você tem que me comer  Que seja com o meu consentimento.  E me olhando nos olhos.  Acho que ganhei o tempo.  De lá pra cá ele tem sido bom comigo. Dizem que ando até remoçando


terça-feira, 15 de março de 2011

 A Casa
Um Ariano, impulsivo, decidiu fazer uma casa. Independente de tudo, ele decidiu que a faria de qualquer jeito. Seu nome era: Sou. Com sua energia exuberante e seu tom afirmativo conseguiu o apoio de um cara do signo de touro  chamado Quero.
Quero, muito afetuoso, recebeu bem o projeto de Sou e aceitou participar porque viu que era possível realizá-lo. Então Quero dedicou-se obstinadamente a colocar na prática o projeto da casa.
E a casa começou a crescer, sob a liderança de Áries e a objetividade, dedicação e paciência do Touro, que almejava uma casa Bela, porém muito sólida e que durasse toda vida. Por conhecer seu espírito possessivo, é que o Quero sabia, que depois de estar fixo ali, ele dificilmente mudaria para outra casa. Um dia surge um sujeito chamado Penso, do signo de Gêmeos. Muito comunicativo, ele chegou ao Sou e ao Quero, perguntando sobre tudo: a casa, elos, o projeto, etc. Logo demonstrou interesse em morar com eles e trabalhar na casa, dizendo-se muito adaptável e apenas muito disperso e avoado.
Os outros dois aceitaram sua adesão e com o tempo notaram que ele não pegava muito no martelo, mas era muito inteligente e preferia o trabalho intelectual, ficando assim encarregado dos cálculos e desenhos do projeto.
Uns dias depois, o Penso sugeriu aos outros que uma amiga sua do signo de câncer fosse morar e trabalhar com eles. Penso alegou que precisavam de uma canceriana para zelar pela casa e sua conservação. Também pelo fato dela ter um aguçado instinto maternal já iria protegê-los também. Todos gostaram da idéia de ter uma mãe sensível e diligente dentro de casa e ela foi aceita. Seu nome era Sinto.
Outro dia o vizinho veio se apresentar. Os quatro já sabiam da sua fama de pessoa honrada e nobre. Seu nome era Ouso e era do signo de Leão. Ele ficou todo orgulhoso quando soube que os vizinhos tinham boas referencias dele.
Na verdade, ele veio procurar os vizinhos para presenteá-los com um quadro pintado por ele mesmo (O leonino é muito criativo) para que decorassem a casa quando ficasse pronta. Assim o Ouso deu provas de ser muito generoso.
Os quatro notaram uma disposição e uma atividade muito grande no seu jeito de se comportar e resolveram convidá-lo para ajudar na construção da casa. Ele juntou-se ao grupo e logo tomou uma posição de dirigente, assumindo o comando das obras de uma forma um tanto autoritária.
Na semana seguinte, estavam trabalhando quando apareceu um sujeito do signo de Virgem chamado Analiso. Ele se aproximou da casa e ficou observando detalhadamente. Começou a fazer em voz alta uma análise meticulosa da obra, revelando um acentuado espírito crítico.
Falou que os tijolos estavam mal assentados, que a argamassa era ruim, que as peças prontas estavam mal pintadas, etc.
Sempre criticando, entrou na casa semi-construída e começou a botar as coisas organizadamente em seus devidos lugares.
Assim fazendo, colocou mais ordem no canteiro de obras.
A princípio, todos se indignaram com sua intromissão, principalmente o ariano que quis expulsá-lo dali.
Porém o Geminiano Penso, sugeriu que esse seu espírito crítico poderia ser de muita utilidade para a conclusão perfeita da obra. Todos concordaram e resolveram convidá-lo para participar na construção da casa.
Ele aceitou. Com o tempo os outros descobriram que ele era muito serviçal e assim sendo, trabalhava com afinco em suas funções.
Um dia depois, ouve uma grande discussão entre Sou e o Analiso. O Sou queria pintar o muro de vermelho vivo e o Analiso saltou dizendo que isso ia espantar até o carteiro. Então estourou o maior bate boca. O Sou se exalta e briga facilmente e o Analiso é muito nervoso.
Nisso surgiu uma mulher muito bela, chamada Equilibro, do signo de Libra. Com muita diplomacia, aproximou-se dos dois e pediu que tivessem calma. Falou que se mantivessem uma conversa equilibrada, chegariam a um ponto em comum, que se harmonizaria com seus anseios individuais. Cantou-lhes uma canção que falava de justiça (revelando-se uma artista) e fez um alerta de que todos os outros também iam escolher  a cor do muro e portanto, discutem sem necessidade e sem reconhecer o direito dos que trabalham com eles.
Todos gostaram muito da sua intervenção e convidaram-na para construir a casa com eles. Ela ficou muito indecisa em aceitar ou não, mas acabou ficando, movida pelo seu espírito de cooperação.
Alguns dias sucederam , até que uma tarde, um homem do signo de Escorpião chamado Calo aproximou-se da casa e de forma indecisa veio falar ao Ariano Sou, supondo ser ele o líder do grupo, que queria trabalhar com eles.
Sou, perguntou qual a atividade dele.
__ Cirurgião, respondeu ele. Também estudo ocultismo e psicologia. Porém ando sentindo necessidade de um trabalho mais braçal para descansar minha cabeça. Como moro aqui em frente e observo vocês, resolvi trabalhar nessa casa também.
Sou, Quero, Sinto, Ouso, Analiso e Equilibro reuniram-se e aceitaram que ele participasse.
Com o tempo Calo introduziu noções de Arqueometria no projeto arquitetônico da casa e transformou completamente a idéia inicial dos que fizeram esse projeto.
Também se tornou o administrador da casa e reorganizou tudo outra vez. Calo era um sujeito frio e silencioso, procurando se envolver principalmente com Equilibro.
Na verdade, Calo se aproximou do grupo porque nutria uma paixão intensa pela bela Equilibro e não hesitou em mentir a razão de sua aproximação, porque para ele, somente interessava estar perto dela, não importando os meios que tivesse de usar para realizar seu desejo. Tinha um ciúme feroz de Sou, com quem a libriana mantinha uma relação superficial.
Numa terça feira, cheia de sol, uma amiga de Penso veio visitá-lo. Seu nome era Vejo e seu signo, Sagitário.
Era uma pessoa muito alegre e expansiva, vindo longo beijando e abraçando a todos. Usando tênis e abrigo, parecia ser uma pessoa muito esportiva e feliz.
Quando viu o trabalho que eles estavam fazendo ficou empolgada e começou a elogiar o valor de uma vida em comunidade, de um modo um tanto exagerado.
Falou a todos, de uma maneira filosófica e até profética, que mais importante que terminar a casa era o crescimento interior de cada um, pela convivência com outros e que deviam submeter-se à leis, a dogmas que preservassem a vida em comum, senão a sociedade poderia se desestruturar.
Revelou-lhes depois, que sua aspiração é poder levar uma vida livre e verdadeira sem limitações de qualquer espécie entre pessoas que não toleram a trapaça e a falsidade à sua volta. Terminou dizendo que tinha muita confiança em si mesma e que conseguiria isso algum dia.
Penso e os outros convidaram-na para ficar com eles e empregar seus dogmas de boa convivência. Vejo aceitou ficar, principalmente por ser uma aventura nova em seu caminho.
No mesmo dia à tarde um sujeito que sempre passava sozinho pela rua usando uma roupa escura e com o olhar sombrio, veio fazer uma proposta ao grupo.
Apresentou-se pelo nome de Uso e pelo signo de Capricórnio. Disse que andou raciocinando sobre o trabalho deles e achava que deveriam construir essa e outra casas para terem lucro e poderem morar futuramente com mais comodidade.
Disse que havia calculado tudo muito bem e que por ser responsável e disciplinado poderia dirigir os novos empreendimentos.
Todos o acharam muito ambicioso e negaram sua sugestão. Sinto sugeriu que ficasse para trabalhar nas condições deles, porque sua intuição lhe dizia que a firmeza e vitalidade de Uso poderiam ser de grande valor para eles.
Uso, muito desconfiado daquela proposta, foi prudente mas aceitou. Apenas não revelou , que era radical na sua idéia de fazer novas casas e através da intimidade com todos esperava impô-la lentamente.
Um sujeito chamado Sei, do signo de Aquário, veio onde todos trabalhavam a procura de Ouso. Era um sujeito tranqüilo vestido de maneira excêntrica. Quando chegou ao grupo, encontrou Penso dizendo estar com dificuldades num cálculo do projeto. Sei prontamente ofereceu-se para ajudá-lo. Mostrando-se sábio e altruísta fez todo o trabalho para o outro.
O Ouso conhecia seu espírito humanitário e fraterno e ficou muito feliz com sua visita. Em nome dos outros o convidou para ficar e ajudá-los na construção.
Isento de preconceitos ele falou que qualquer função lhe servia, faxineiro ou projetista. Disse que era muito dinâmico e por isso renderia bastante no trabalho. Disse ainda que era uma pessoa muito livre desapegada e que essa convivência com eles iria ser muito importante pelo fato de ele precisar disciplinar essa liberdade.
Com o tempo descobriu combinações incríveis de cores e móveis, demonstrando um espírito criativo e revolucionário e um senso estético muito evoluído. Era integralmente um sujeito avançado.
Analiso um dia consultou a todos da possibilidade de convidar um amigo para morar com eles.
Disse que era um cara chamado Creio, do signo de Peixes.
Segundo Analiso, Creio era uma pessoa muito calma e religiosa. Todos aceitaram e ele veio.
Quando chegou mostrou-se logo muito simpático e compassivo para com Ouso que havia se machucado.
Mas principalmente era crédulo e impressionável porque levou a sério quando Ouso disse que um caminhão havia passado no seu dedo, por isso a ferida.
Todos riram do seu ar compreensivo e ele humildemente reconhecera sua credulidade simplória.
Acabou ficando com eles e nunca mais apareceu outro morador.  Só eles doze

Vitor Ramil - PoA, 17/5/82

sábado, 12 de março de 2011

Jogo do Fort Da

É também conhecido como jogo do carretel. A filha de Freud, precisando ausentar-se de casa por um curto período, pediu ao pai para cuidar do neto pequeno. Freud observou que o menino não chorou e que passou a brincar jogando um carretel, preso a um fio, de dentro do berço para fora, de modo que o carretel desaparecia sob  a cama. Repetia esse jogo inúmeras vezes. Quando jogava fora conseguia articular um som: ó...ó...ó, e quando puxava o fio e recuperava o carretel dizia: dá...dá...dá com expressão de alegria. Freud intitulou como FORT - palavra alemã que significa "fora", "ir embora" e DÁ que significa aqui, e percebeu que o menino tratava de simbolizar a mãe por meio do brinquedo, expressando sua saída (fort) e a felicidade de seu retorno (dá). 

Revista Psique,número 40.

Complexo de Édipo.

Embora a Psicanálise seja acusada de somente atribuir à mãe os problemas e sintomas que os filhos desenvolvem, na verdade o papel do pai sempre foi considerado central na constituição do sujeito e a sua presença indispensável para o desenvolvimento saudável da criança. O próprio Freud tinha com o pai Jacob uma relação extremamente forte, detectando-se, em sua personalidade, muitos traços de identificação com o patriarca da família, sendo seu primogênito do segundo casamento com Amália, bem mais jovem do que o marido.  Quando Freud nasceu, seu pai já tinha um neto de um de seus filhos do primeiro matrimônio, convivendo todos na mesma casa. Quando morreu seu pai, em 1896, Freud, então com 40 anos, sofreu um violento abalo que o levou a iniciar sua autoanálise, a partir da qual descobriu em si mesmo os fundamentos do inconsciente, os laços de amor e rivalidade entre pais, filhos e irmãos e as raízes do Complexo de Édipo, com os quais desenvolveu sua metapsicologia e construiu o corpo teórico desse novo saber, tornando-se o pai da Psicanálise.  

Revista PSIQUE- 40.

Ponto de Mutação.

Um mundo em crise. Desemprego, inflação, guerra, violência, doença, tragédia. Será que chagamos ao nosso derradeiro momento como civilização? Hoje, nos deparamos com o terremoto e tsunami no Japão, a pouco tempo foi na Indonésia. Nosso sentimento é como se o cinema se transformasse em realidade. Milhares de mortos. Milhares de sobreviventes com suas casas, escolas, trabalhos, famílias destruídas . A natureza sempre nos lembrando que não somos nada mais que meros pontos no universo. Somos apenas parte de um sistema. O ser humano teima em ser superior, a ciência teima em ser verdade. È possível sim uma nova ciência, um novo pensamento e sentimento tanto no individual como no social. As certezas, as verdades, precisam ser colocadas em dúvidas. A criatividade é fundamental para a busca de um novo caminho. Vamos sobreviver, afinal ...... depende de nós.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Amor

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." A dor é inevitável, o sofrimento opcional." Carlos D. Andrade