terça-feira, 28 de junho de 2011

Reich - Bioenergética


Uma das terapias mais procuradas da atualidade por sua
profundidade e eficiência, a Bioenergética tem, surpreendentemente,
princípios descobertos há milênios. Aqui uma síntese.
RALPH VIANA
“A Bioenergética é uma técnica terapêutica que ajuda o indivíduo a
reencontrar-se com seu corpo e a tirar o mais alto grau de proveito possível
da vida que há nele. É também uma aventura de autodescoberta. Difere de
formas similares de exploração da Natureza do Ser por incluir o corpo como
caminho para compreender a personalidade humana. Para a Bioenergética, os
processos energéticos determinam o que acontece na mente, da mesma forma
que determinam o que acontece no corpo”.
Esta sucinta definição da Bioenergética destaca alguns de seus
princípios, mas é necessário aprofundar e estender a definição para
conseguirmos uma compreensão maior desta surpreendente terapia.
A palavra “surpreendente” é bem adequada para começarmos. Isto
porque, para muitos, a Bioenergética é uma terapia moderníssima, ainda
carimbada de “alternativa” e só conhecida e acessada por um número
limitado de pessoas.
ENERGIA DA VIDA - Então vamos pelo começo, pelo próprio nome: Bio
Energética – Energia da Vida. Aí está seu conceito central. A Bioenergética
identifica no ser humano (e também fora dele) uma energia fundamental, que
circula em nosso corpo, e que muitas vezes acumula-se e fica estagnada, por
diversas razões, em determinadas regiões. A interrupção do saudável livre
fluxo energético é a origem das disfunções e doenças que temos.
Esta energia foi chamada de Chi pelo chineses e de Prana pelos hindus,
por exemplo. Eles desenvolveram formas extremamente eficazes de
compreensão e tratamento de nossas disfunções - a partir do extenso
conhecimento acumulado em milhares de anos sobre o funcionamento desta
energia - condensadas na Medicina Tradicional Chinesa (que usa a Acupuntura,
dentre outros recursos) e na Medicina Ayurvédica Hindu (com toda sua rica
visão de Chakras).
Ou seja, um, não existe uma Bioenergética, mas várias concepções que
identificam uma energia primordial. Dois, não são nada recentes (têm
milhares de anos), apesar de seus conceitos afinarem profundamente com as
descobertas da física quântica (ver “O Tao da Física”, de Fritjof Capra). Três,
não são alternativas, no sentido de minoritárias com relação a um
conhecimento predominante. Na verdade, em termos mundiais, as concepções
bioenergéticas são majoritárias, já que utilizadas por muito mais pessoas que
as das visões mecanicistas. (Só com a população da China, Índia e adjacências
já se tem bem mais que 50% da população mundial).
O INCONCIENTE NO CORPO – No ocidente, ao longo destes milhares de
anos, inúmeros pesquisadores comprovaram a existência desta energia
específica. Incluindo Hipócrates, o patrono da medicina ocidental, que falava
de um “Fluido Medicatrix”, grandes médicos e cientistas ocidentais, de todas
as épocas, identificaram esta bioenergia: Paracelso, Mesmer, Reichenbach,
Galvani, Bergson, Mc Dougall, etc.
No final do século XIX , o médico Sigmund Freud formulou uma
interessante teoria a partir de seus estudos sobre a histeria, mostrando que
existia uma fundamental relação entre as doenças e a energia emocional.
Falava ele que “se a energia fosse descarregada, a doença física não
ocorreria”. Denominou esta energia de Libido, identificou sua origem sexual e
formulou um incipiente “mapa energético corporal”, localizando lugares de
maior concentração desta energia no corpo, chamados por ele de “zonas
erógenas”. Tudo levava a crer que esta seria a via de identificação do lugar
do inconsciente: o corpo.
A Teoria da Libido avançou até um determinado ponto, mas por
diversos motivos pessoais foi abandonada por Freud, que concentrou seus
interesses em outras questões na construção do monumental edifício teórico
da Psicanálise.
Wilhelm Reich, um de seus discípulos diretos, concentrou seus estudos
e trabalhos visando completar e aprofundar a teoria da Libido, a dar um
assentamento científico às suas pesquisas e a buscar compreender mais
amplamente o que motivou e possibilitou a implantação de uma cultura de
repressão sexual.
O radicalismo (de ir às raízes) de Reich transformou sua trajetória
científica e pessoal numa saga impressionante, que incluiu perseguições,
exílios, prisão e morte suspeita. Suas impressionantes descobertas e sua
coragem em apontar diretamente as origens das mazelas humanas, incluindo
as tramas pérfidas do poder político, angariaram reconhecimento entusiástico
de muitos, e também a ira e ações violentas daqueles que se sentiram
denunciados por suas colocações.
O trabalho de Reich organizou-se numa riquíssima teoria, que frutificou
em várias ramificações denominadas psicoterapias corporais, que
disseminaram-se por todo o mundo. O Brasil, poucos sabem, é um dos países
mais desenvolvidos na prática clínica da Bioenergética, junto com os Estados
Unidos. Em alguns centros, como no Rio de Janeiro, há muito tempo há uma
predominância das terapias corporais sobre as tradicionais, como a
Psicanálise, por exemplo.
OU VAI OU REICH – Partindo das formulações iniciais de Freud, Reich
pesquisou e escreveu sobre Bioenergia durante décadas. Deu um nome à
energia que descobriu: ORGONE (de organismo). Constatou sua presença na
atmosfera, desenvolvendo, então, aparatos capazes de acumular esta energia
e repassá-la às pessoas, com incontáveis benefícios para a saúde
(especialmente em casos de câncer, sobre o qual pesquisou por longo tempo,
tendo escrito um importantíssimo livro “A Biopatia do Câncer”).
Observou ele que quando esta energia fluía livremente pelo corpo
trazia sensações de prazer e amorosidade, propiciando um estado de saúde
vibrante e uma espontaneidade legítima. Mas notou também que as ameaças
e interdições eram capazes de bloquear este livre curso energético. Os
sentimentos de medo, angústia, ansiedade, tristeza, etc, provocam tensões
musculares que dificultam o trânsito energético. A repetição contínua destes
estados provoca contrações crônicas, chamadas por ele de “couraças
musculares”. Estas couraças formam anéis de tensão em nosso corpo,
chamados de segmentos. Ele identificou sete anéis de couraça: ocular, oral,
cervical, toráxico, diafragmático, abdominal e pélvico.
As couraças instalam-se por desequilíbrios que gravam-se no sistema
nervoso. Reich desenvolveu então um conjunto de técnicas terapêuticas
extremamente criativas e eficientes para desbloquear a bioenergia e
reequilibrar as ações do sistema nervoso. Por isto denominou seu trabalho de
Vegetoterapia (pela ação no S. N. Vegetativo). Suas técnicas de desbloqueio
incluem uma sofisticada leitura corporal e também massagens especiais,
capazes de desbloquear as emoções retidas no corpo.
A concepção reichiana revolucionou a Psicologia e as concepções
tradicionais, que já aceitavam a influência das emoções sobre a saúde
corporal (como a medicina psicossomática), mas que não desenvolveram
terapêuticas adequadas. Seu conceito fundamental de que existe uma unidade
corpomental (daí decorrendo que qualquer doença física ou mental apresenta
aspectos emocionais e precisa ser tratada também por esta via) cada vez é
mais aceita. Ou seja, por exemplo: a miopia não é um problema ocular,
simplesmente, mas uma defesa que o indivíduo desenvolveu, uma forma de
“ver o mundo”. (É interessante notar que junto com a miopia encontram-se
inúmeros traços de personalidade).
EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS – Vários seguidores de Reich acrescentaram
mais dados e desenvolveram técnicas baseadas em seus princípios. Alexander
Lowen talvez seja o mais conhecido, por seus livros - autênticos best sellers -
e por sua terapia denominada Análise Bioenergética. Afora outras inúmeras
contribuições, Lowen desenvolveu um “menu” amplíssimo de eficientes
exercícios bioenergéticos, capazes de ajudar a manter a saúde e revigorar o
organismo, mantendo a energia fluindo. Atualmente com 96 anos e bastante
ativo, é um exemplo vivo da eficácia de sua terapia. Afirmou ele
recentemente: “diariamente me exercito, choro e expresso minha raiva
através de batidas de pernas (um dos exercícios propostos). Me sinto muito
bem e de constante bom humor”.
O que mais dizer? Uma infinidade de coisas que o espaço não permite,
nesta edição. Mas voltarei ao tema oportunamente. Com muito prazer.
Grato pela leitura.

domingo, 8 de maio de 2011

Mitos e Psicanálise

Mito são expressões simbólicas. Origina-se da necessidade das pessoas manterem-se unidas em suas tradições e eram transmitidas oralmente de geração em geração. Cada coletividade transmite sua tradição a seu povo, indivíduos e suas famílias através das experiências contadas na forma de organização subjetiva.
A psicanálise vai buscar na mitologia Grega modelos que organizam descrições teóricas que sustentem imagisticamente hipóteses que permitem articulações com os fenômenos clínicos e assegurem constructos para a investigação metapsicológica.  A mitologia vai edificar a ciência do inconsciente. Os mitos auxiliam o indivíduo sobre sua origem e o lugar que se ocupa na terra através de uma mitologia pessoal. É uma construção pessoal, interna do sujeito.
O Complexo de Édipo - constitui a teoria Freudiana. No mito, Freud estrutura o tripé psicanalítico pai, mãe e filho. Para ele o conflito edípico tanto do filho (menino) como da filha (menina) tem origem na triangulação e vai estruturar o aparelho psíquico de cada um de nós. Para Jung o Complexo de Electra explicaria e relação da filha com a mãe.
Freud dá continuidade a máxima “conhece-te a ti mesmo” do filósofo Sócrates em seus estudos sobre a psique. Foi a partir da morte de seu próprio pai que Freud então com 40 anos inicia sua auto-análise, descobrindo os fundamentos do inconsciente. Os laços de amor e rivalidade entre pais, filhos e irmãos, vendo aí as raízes do complexo de Édipo.
O Mito do Falo e da Castração - nos fala sobre Urano, um pai poderoso, mas cruel que devora os filhos que tem com Géa a terra. Segundo Freud a castração é o que organiza nossa identidade sexual e também o falo é organizador da sexualidade.  O medo da castração faz com que o menino renuncie o amor da mãe e desta forma vá procurar outra mulher para ele. Nas meninas, o complexo da castração apresenta-se pela falta anatômica de um órgão externo como o dos meninos. Assim, seu complexo se lança na resolução de seus sentimentos edípicos deixando de amar a mãe (igual a ela) para ir à busca de um amor como o pai (diferente dela).
O Mito da Horda Primitiva - é uma metáfora que Freud usa para explicar como ocorre o primeiro contato social. Os filhos devem criar a comunidade de irmãos. Estes devem ser iguais em direitos e solidários na distribuição das mulheres e na criação das leis. No mito, os filhos devoram ritualmente o corpo do pai tornando todos iguais e assim cria-se a sociedade.
O Mito das Protofantasias - revela que o mundo, o homem e a vida têm origem e sua história no sobrenatural, que é preciosa e exemplar.
O Mito da Cena Primária - céu e terra se conjugam em um abraço amoroso. Para a psicanálise, a cena primária é o pai e a mãe no ato amoroso que nos gerou. As fantasias infantis irão contribuir para a constituição de aspectos do psiquismo infantil e da organização das neuroses.
O Mito do Narciso – como “sua majestade o bebê” o narciso é todo em si mesmo. A pessoa fica “presa” no narcisismo primário, onde o EU se confunde com o próprio mundo.
O Mito da Pulsão – pulsão é força imperiosa e pulsante. Inquieto e inquietante. É a força viva que nos habita e faz viver.
O Mito de Eros - Freud considera o mito de Eros como o principal adversário da necessidade. Eros é um belo Deus, caprichoso, porém vingativo e poderoso. O Deus que tudo une. O governante único das pulsões de vida e do Eu, tendo que se defrontar com seu complemento, a morte.
O Mito da Morte (tânatos) – É um mito poderoso, a morte irmã do sono e rainha do esquecimento. Uma luta entre Eros e Tânatos. A morte é para a psicanálise a pulsão silenciosa ecoando em todo ato da vida. A pulsão de morte é também a grande responsável pela neurose do destino.
O Mito do Inconsciente – o inconsciente é atemporal, invisível, onipresente e arquipotente. Teia todas as relações inter, intra e transpessoais. Assim como o sonho o inconsciente é ferramenta para a compreensão da matéria que nos forma. É através da mitologia que tentamos compreender a psique humana. Trata-se de usar uma linguagem representativa do pensamento arcaico.

Identidade, Subjetividade e Singularidade

Quando nos apresentamos aos outros, fazemos isso dizendo por exemplo: nosso nome, idade, onde moramos, o que gostamos, onde trabalhamos, qual nosso carro, se temos ou não filhos , se somos ou não casados. Pensamos estar falando sobre nossa idantidade e não nos damos conta que na verdade estamos falando de uma parcela dela, a identidade social. Esta idendidade cumpre um papel social que serve para mantermos as coisas em ordem. Temos necessidade do contato e do controle social. Nos reconhecemos no outro e isto garante nossa identidade. Na busca pelo reconhecimento muitas vezes caímos na armadilha da massificação social, que é produzida pelo homem. A subjetividade é um mecanismo de agenciamento de "modos de ser", que é moldado e fabricado no registro social. Todo ser humano está sempre em processo de subjetivação e muitas vezes sem nos darmos conta estamos  pruduzido a subjetivação massificada. Colocamos nossos filhos o dia inteiro na frente da televisão ou mesmo de um computador  para distraí-los e assim termos mais tempo para fazermos nossas atividades. Assim torna-se difícil produzirmos o "ser" diferente, o "ser" singular. Para que isto ocorra temos que aceitar as diferenças. É aceitando a diferença do outro que nos constituímos singular. Singularidade, significa a capacidade de mudar e aceitar as multiplicidades. Não devemos cair na armadilha de transformarmos singularidade em sobrevivência.     

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O cínico e o sincero.



Quanto ao trabalho escrito por  Erving Goffman como o título de “A REPRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA” achamos algumas idéias extremamente interessantes e por isso resolvemos as apresentar no nosso blog.
O indivíduo sempre representa um papel em nossa sociedade e popularmente dizemos que este faz uma representação e dá um espetáculo em benefício dos outros. Mas será certa esta idéia? Para entendermos melhor é importante pensarmos na questão desta própria pessoa e se ela, na verdade, está sendo cínica ou sincera.
Para Goffman o sincero é quando o ator está completamente compenetrado em seu próprio número. Quando ele está sinceramente convencido de esta ser sua realidade verdadeira e seu público também acreditar na sua representação.
No outro lado verificamos que o ator pode não estar completamente compenetrado de sua prática. O executante pode ser levado a dirigir a convicção de seu público apenas como um meio para outros fins, não tendo interesse final na idéia que fazem dele e da situação. Para Goffman quando o indivíduo não crê em sua própria atuação e não se interessa em última análise pelo seu próprio público, podemos chamá-lo de cínico ou reservando. E o termo sincero para os que realmente acreditam na impressão criada por sua representação. Nem todo ator cínico esta interessado em iludir sua platéia, tendo por finalidade o que se chama “interesse pessoal”. Um indivíduo cínico pode enganar o público pelo que julga ser o próprio bem deste, ou pelo bem da comunidade etc.
O cínico e o sincero na verdade vem a ser dois extremos onde o indivíduo pode variar visto que todos os papéis têm suas defesas e garantias e é através deles que acabamos por nos conhecer uns aos outros e também a nós mesmos.

           

domingo, 10 de abril de 2011

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As perguntas que devemos nos fazer são as seguintes: Qual é o papel do indivíduo como consumidor e como o consumo desenfreado tem relação com a destruição do planeta? Precisamos sair do estado de acomodação. Isso reflete a inserção do conceito dos três "Rs" (Reduzir, Reutilizar e  Reciclar). Nada é mais educativo do que trabalhar o próprio exemplo do cotidiano.  A reflexão ambiental começa sobre o modo e estilo de vida que vivemos na contemporaneidade, segundo Sylmara. O caminho para a sustentabilidade deve ocorrer com a participação ativa da sociedade, por meio da proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É preciso que a criança, o adolescente ou o adulto sejam levados a reconhecer de que forma a utilização de veículos com combustível fosséis (petróleo, carvão e gás)  e o excesso de alimentação, por exemplo, podem contrubuir para as mudanças do clima e temperatura no planeta, com a produção dos gases do efeito estufa. Nessa linha de raciocínio , se questiona qual é a responsabilidade de cada um e como é possível combater, na prática, os impactos ambientais.
Revista Psique, n 47