domingo, 8 de maio de 2011

Mitos e Psicanálise

Mito são expressões simbólicas. Origina-se da necessidade das pessoas manterem-se unidas em suas tradições e eram transmitidas oralmente de geração em geração. Cada coletividade transmite sua tradição a seu povo, indivíduos e suas famílias através das experiências contadas na forma de organização subjetiva.
A psicanálise vai buscar na mitologia Grega modelos que organizam descrições teóricas que sustentem imagisticamente hipóteses que permitem articulações com os fenômenos clínicos e assegurem constructos para a investigação metapsicológica.  A mitologia vai edificar a ciência do inconsciente. Os mitos auxiliam o indivíduo sobre sua origem e o lugar que se ocupa na terra através de uma mitologia pessoal. É uma construção pessoal, interna do sujeito.
O Complexo de Édipo - constitui a teoria Freudiana. No mito, Freud estrutura o tripé psicanalítico pai, mãe e filho. Para ele o conflito edípico tanto do filho (menino) como da filha (menina) tem origem na triangulação e vai estruturar o aparelho psíquico de cada um de nós. Para Jung o Complexo de Electra explicaria e relação da filha com a mãe.
Freud dá continuidade a máxima “conhece-te a ti mesmo” do filósofo Sócrates em seus estudos sobre a psique. Foi a partir da morte de seu próprio pai que Freud então com 40 anos inicia sua auto-análise, descobrindo os fundamentos do inconsciente. Os laços de amor e rivalidade entre pais, filhos e irmãos, vendo aí as raízes do complexo de Édipo.
O Mito do Falo e da Castração - nos fala sobre Urano, um pai poderoso, mas cruel que devora os filhos que tem com Géa a terra. Segundo Freud a castração é o que organiza nossa identidade sexual e também o falo é organizador da sexualidade.  O medo da castração faz com que o menino renuncie o amor da mãe e desta forma vá procurar outra mulher para ele. Nas meninas, o complexo da castração apresenta-se pela falta anatômica de um órgão externo como o dos meninos. Assim, seu complexo se lança na resolução de seus sentimentos edípicos deixando de amar a mãe (igual a ela) para ir à busca de um amor como o pai (diferente dela).
O Mito da Horda Primitiva - é uma metáfora que Freud usa para explicar como ocorre o primeiro contato social. Os filhos devem criar a comunidade de irmãos. Estes devem ser iguais em direitos e solidários na distribuição das mulheres e na criação das leis. No mito, os filhos devoram ritualmente o corpo do pai tornando todos iguais e assim cria-se a sociedade.
O Mito das Protofantasias - revela que o mundo, o homem e a vida têm origem e sua história no sobrenatural, que é preciosa e exemplar.
O Mito da Cena Primária - céu e terra se conjugam em um abraço amoroso. Para a psicanálise, a cena primária é o pai e a mãe no ato amoroso que nos gerou. As fantasias infantis irão contribuir para a constituição de aspectos do psiquismo infantil e da organização das neuroses.
O Mito do Narciso – como “sua majestade o bebê” o narciso é todo em si mesmo. A pessoa fica “presa” no narcisismo primário, onde o EU se confunde com o próprio mundo.
O Mito da Pulsão – pulsão é força imperiosa e pulsante. Inquieto e inquietante. É a força viva que nos habita e faz viver.
O Mito de Eros - Freud considera o mito de Eros como o principal adversário da necessidade. Eros é um belo Deus, caprichoso, porém vingativo e poderoso. O Deus que tudo une. O governante único das pulsões de vida e do Eu, tendo que se defrontar com seu complemento, a morte.
O Mito da Morte (tânatos) – É um mito poderoso, a morte irmã do sono e rainha do esquecimento. Uma luta entre Eros e Tânatos. A morte é para a psicanálise a pulsão silenciosa ecoando em todo ato da vida. A pulsão de morte é também a grande responsável pela neurose do destino.
O Mito do Inconsciente – o inconsciente é atemporal, invisível, onipresente e arquipotente. Teia todas as relações inter, intra e transpessoais. Assim como o sonho o inconsciente é ferramenta para a compreensão da matéria que nos forma. É através da mitologia que tentamos compreender a psique humana. Trata-se de usar uma linguagem representativa do pensamento arcaico.

Identidade, Subjetividade e Singularidade

Quando nos apresentamos aos outros, fazemos isso dizendo por exemplo: nosso nome, idade, onde moramos, o que gostamos, onde trabalhamos, qual nosso carro, se temos ou não filhos , se somos ou não casados. Pensamos estar falando sobre nossa idantidade e não nos damos conta que na verdade estamos falando de uma parcela dela, a identidade social. Esta idendidade cumpre um papel social que serve para mantermos as coisas em ordem. Temos necessidade do contato e do controle social. Nos reconhecemos no outro e isto garante nossa identidade. Na busca pelo reconhecimento muitas vezes caímos na armadilha da massificação social, que é produzida pelo homem. A subjetividade é um mecanismo de agenciamento de "modos de ser", que é moldado e fabricado no registro social. Todo ser humano está sempre em processo de subjetivação e muitas vezes sem nos darmos conta estamos  pruduzido a subjetivação massificada. Colocamos nossos filhos o dia inteiro na frente da televisão ou mesmo de um computador  para distraí-los e assim termos mais tempo para fazermos nossas atividades. Assim torna-se difícil produzirmos o "ser" diferente, o "ser" singular. Para que isto ocorra temos que aceitar as diferenças. É aceitando a diferença do outro que nos constituímos singular. Singularidade, significa a capacidade de mudar e aceitar as multiplicidades. Não devemos cair na armadilha de transformarmos singularidade em sobrevivência.     

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O cínico e o sincero.



Quanto ao trabalho escrito por  Erving Goffman como o título de “A REPRESENTAÇÃO DO EU NA VIDA COTIDIANA” achamos algumas idéias extremamente interessantes e por isso resolvemos as apresentar no nosso blog.
O indivíduo sempre representa um papel em nossa sociedade e popularmente dizemos que este faz uma representação e dá um espetáculo em benefício dos outros. Mas será certa esta idéia? Para entendermos melhor é importante pensarmos na questão desta própria pessoa e se ela, na verdade, está sendo cínica ou sincera.
Para Goffman o sincero é quando o ator está completamente compenetrado em seu próprio número. Quando ele está sinceramente convencido de esta ser sua realidade verdadeira e seu público também acreditar na sua representação.
No outro lado verificamos que o ator pode não estar completamente compenetrado de sua prática. O executante pode ser levado a dirigir a convicção de seu público apenas como um meio para outros fins, não tendo interesse final na idéia que fazem dele e da situação. Para Goffman quando o indivíduo não crê em sua própria atuação e não se interessa em última análise pelo seu próprio público, podemos chamá-lo de cínico ou reservando. E o termo sincero para os que realmente acreditam na impressão criada por sua representação. Nem todo ator cínico esta interessado em iludir sua platéia, tendo por finalidade o que se chama “interesse pessoal”. Um indivíduo cínico pode enganar o público pelo que julga ser o próprio bem deste, ou pelo bem da comunidade etc.
O cínico e o sincero na verdade vem a ser dois extremos onde o indivíduo pode variar visto que todos os papéis têm suas defesas e garantias e é através deles que acabamos por nos conhecer uns aos outros e também a nós mesmos.